Para evitar as brigas por causa das finanças, os casais devem ter o hábito de conversar pelo menos uma vez por mês sobre o assunto e planejar juntos gastos e investimentos. “A maioria das vezes, o problema entre os casais acontece por falta de diálogo. O tema dinheiro deveria estar presente no cotidiano dos casais, mas ainda é um tabu”, afirma o consultor do site de educação financeira do Mercantil do Brasil, Carlos Eduardo Costa.
A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, alerta para o alto índice de casais que não têm uma rotina definida para conversar sobre finanças da casa. “Segundo o levantamento, 70% dos entrevistados não têm uma frequência definida para conversar sobre o tema”, afirma Marcela. “O que a gente percebe é que a maioria conversa sobre o assunto quando já existe um problema a ser resolvido”, avalia a economista.
“O casal precisa sentar e conversar sobre a vida financeira pelo menos uma vez por mês para tomar as decisões para o próximo período”, diz o educador e terapeuta financeiro da empresa Dsop, Denilson Crespo.
A organização das contas deve ser feita de acordo com a preferência do casal. “A boa notícia é que não existe uma modelo único, não existe receita. Cada casal deve descobrir qual é a melhor forma e preservar o espaço de cada um”, diz Carlos Eduardo Costa.
A gestora de Recursos Humanos Danielly Mendes, 23, e Gutemberg Mançur Junior, 27, casados há dois anos, encontraram um caminho. Além de discutirem as despesas da casa todo mês, eles mantêm uma conta separada só para as despesas comuns. “Assim, o dinheiro não fica na conta particular de ninguém. E sabemos exatamente o quanto temos de dinheiro”, conta Danielly. Ela acredita que a estratégia evita conflito. “Pois não corre o risco de você usar o dinheiro e depois não ter como dar a sua parte nas contas”, explica. “O que sobra do salário, cada um faz o que bem entende”, diz.
O casal Amanda Siqueira dos Santos, 21, e Dâmocles Vinícius Oliveira, 21, também discute as contas todos os meses, mas a divisão é diferente. “Depois que as despesas fixas estão pagas, dividimos o que sobra meio a meio e cada um gasta como quer”, conta Amanda.
Para Crespo, o importante é o casal perceber que depois do casamento, novos hábitos são necessários. “Quando solteiros, não costumávamos prestar contas do dinheiro, e muitos entram no casamento com hábitos de solteiros. Não percebem que a situação mudou e que tem um cônjuge ao lado para caminharem juntos em todas as áreas. Se o casal entender essa dinâmica, com certeza, evitará conflitos”.
Filhos juntos
Conversa. Os filhos devem participar das conversas sobre finanças. “Mas as decisões são dos pais. Eles devem participar porque também sofrem as consequências”, diz Carlos Eduardo.
Autonomia
Orçamento próprio evita desgastes
Ter liberdade para gastos pessoais é importante, segundo os consultores financeiros. “Quando existe comunicação e transparência, não há necessidade de ficar falando todos os gastos que cada um faz”, afirma o terapeuta financeiro Denilson Crespo. Para a relações públicas Nathália Martins Machado, que não trabalha para cuidar da filha, ter que pedir dinheiro ao marido para qualquer gasto é uma fonte de conflito.
“Às vezes, rola o conflito porque o marido não entende as prioridades”, afirma Nathália. Para ela é “chato” ter que pedir dinheiro para coisas pessoais, como “fazer unha, sobrancelha, ou comprar uma blusinha”, afirma.
Marcela Kawauti, economista chefe do SPC Brasil, também defende a liberdade. “Isso preserva a privacidade. O importante é o casal ter um orçamento que cabe nas contas da casa. Se os gastos não saem dessa realidade, não importa o que cada um está comprando”, observa.
O consultor do site de educação financeira do Mercantil do Brasil, Carlos Eduardo Costa, aconselha que o casal defina um valor separado para cada um gastar como quiser. “Mesmo que um dos dois não trabalhe, pode estar contribuindo para as finanças da família, evitando custos em casa ou administrando o dinheiro”, explica. Segundo Nathália, esse modelo já foi tentado na sua família, mas as despesas da casa são priorizadas. “As contas são responsabilidade dele e eu administro o que falta. Quando precisa, a gente discute e corta os supérfluos”, conta. (LP)
Investir e gastar juntos é bom
Investimentos feitos em conjunto pelo casal podem render mais, do mesmo jeito que dividir despesas maiores gera economia. “Alguns casais fazem investimentos ou despesas gerando retrabalho. Se conversam, podem, por exemplo, fazer uma compra à vista e conseguir um desconto” diz o economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
O casal Ricardo Bittencourt, 41, e Ila Oliveira,35, prefere investir separadamente. “Investimento cada um faz o seu. Não decido o que a Ila faz, só aconselho”, diz Ricardo. O consultor Carlos Eduardo Costa lembra, porém, que “alguns investimentos têm rendimento melhor quando o valor é maior, então, é preciso avaliar juntos, conversar sempre e trazer benefícios para o casal”, conclui. (LP)